A SUPOSTA BASE PARA A TEORIA DIA-ERA. Richard Niessen

Dois elementos são essenciais em qualquer esquema evolucionário, quer teísta quer ateísta: longos períodos de tempo e a suposta validade do enredo evolucionário, molécula-para-homem. Os ateístas mostram pouca preocupação pelo relato bíblico, exceto para ridicularizar as suas declarações. Evolucionistas teístas, porém, professam uma certa fidelidade às Escrituras e precisam tentar harmonizar o relato bíblico com o enredo evolucionário. 0 texto bíblico, pelo menos ao observador imparcial, indica um universo e uma terra formados em seis dias; evolucionistas supõem pelo menos seis bilhões de anos. 0 mecanismo pelo qual os evolucionistas teístas harmonizam os dois, é conhecido como a Teoria Dia-Era.
 
O termo chave nesta tentativa de harmonia é a palavra dia como é usada em Gênesis 1. A palavra hebraica para dia é yom e, sabemos que ela é usada numa variedade de modos: (1) o período da luz do dia no cicio diurno, como em Gênesis 1:5,14,16,18; (2) um período normal de 24 horas; e (3). um período de tempo indefinido como no Salmo 90:10.

A passagem para a qual invariavelmente se apela é II Pedro 3:8: "Para com o Senhor, um dia é como mil anos, e mil anos como um dia". Também é alegado que houve demasiada atividade no sexto dia (Gênesis 2), para encaixar dentro de um dia normal: Adão nomeando milhares de animais e descobrindo a sua solidão, e a subseqüente criação de Eva. A alegação então é de que os dias de Gênesis 1 são realmente longos períodos de tempo, que correspondem aos principais períodos da história geológica evolucionária.

A Refutação da Teoria Dia-Era.

A maioria dos criacionistas que crêem na Bíblia, sustenta que a Teoria Dia-Era, é uma opção não bíblica, pelas seguintes razões:

1. Uma interpretação imprópria de II Pedro 3:8.

Em hermenêutica (a ciência de interpretação bíblica) é evidente que um texto sem um contexto é um pretexto. Da mesma forma como a gravação de uma fita pode ser editada para fazer o alto falante dizer tudo o que o editor desejar, assim as Escrituras podem ser manipuladas para satisfazer a fantasia ou predisposição de uma pessoa. Por exemplo:

Respondeu Jesus... Que é a verdade?" (João 18:37,38). Todas as palavras acima citadas, são diretamente tiradas da Bíblia, mas um exame mais atento revela que foi realmente Pilatos que proferiu a afirmação, e que as palavras intermediárias têm sido omitidas.

II Pedro 3:3-10 é uma unidade. O contexto fala de zombadores nos últimos dias que irão ridicularizar a segunda vinda de Cristo, o raciocínio deles é de uniformidade em sua natureza: Jesus prometeu voltar em breve, Ele ainda não voltou, por conseguinte não vai voltar de forma alguma. Pedro refuta essas suposições de uniformidade com uma referência ao dilúvio e a certeza de um julgamento para esses zombadores. Daí, respondendo a acusação que Cristo falhou, deixando de cumprir a promessa, Pedro escreve as palavras em questão, e conclui reafirmando a certeza da segunda vinda de Cristo.

Verso 8 nunca foi escrito para ser uma fórmula matemática de 1=1.000 ou 1.000=1. O essencial é que Deus criou o tempo, bem como o universo, e por isso está acima dos mesmos (conforme Hebreus 1:2). Enquanto que nós mortais pensamos que 1.000 anos é um longo tempo, Deus pode medir 1.000 anos de história como nós podemos medir o horizonte de um lado para outro.

O verso também poderia ter sido igualmente redigido, "Cinco minutos são para o Senhor como dez mil anos", e ainda ter exprimido a mesma mensagem. Note o uso da palavra como, descrevendo similaridade, não é a mesma que um sinal de igualdade. Reciprocamente, Deus é capaz de fazer em um dia o que normalmente exigiria mil anos para se realizar. Uma sugestão pertinente aqui, à luz da referência da passagem à Criação e ao dilúvio, é uma possível alusão à rápida formação das camadas sedimentares da assim chamada coluna geológica. As atividades diluvianas de um dia poderiam formar camadas sedimentares que normalmente levariam mil anos para se formarem pelos processos uniformitarianos (que agem vagarosamente).

II Pedro 3:8 não tem nada a ver com a duração da semana da criação. Gênesis 1 deve ser interpretado no seu próprio contexto e não por um verso irrelevante, escrito 1.500 anos mais tarde.

2. A insuficiência de um dia de mil anos.

Em benefício da discussão, vamos supor ser verdade a fórmula matemática que os evolucionistas teístas desejam nesse caso, dia um são os primeiros mil anos da história da terra, dia dois os próximos mil anos, etc. A consistência logicamente ditaria que cada um dos seis períodos é da mesma duração, resultando em um período de criação de 6.000 anos do nada até Adão. Mas 6.000 anos é apenas uma gota no oceano, comparado como o tempo exigido para fazer funcionar o sistema evolucionista. Admitamos ser um dia igual a 10.000 anos. Não, nem 60.000 anos é um tempo suficiente. Que tal 1 dia igual a 100.000 anos? 1 milhão de anos? 10 milhões de anos? 100 milhões de anos? 1 bilhão de anos? Ah, sim, isto bastará para o tempo exigido! Mas o que acontece com a linguagem como instrumento de comunicação de informação significativa? Se as palavras têm esse tipo de infinita flexibilidade, então, a arte da comunicação é verdadeiramente uma causa perdida. Essas táticas seriam tratadas com o máximo desprezo se elas fossem aplicadas em qualquer outro campo de estudo. Certamente não deveríamos tolerá-las no estudo da Palavra de Deus.

Parece que II Pedro 3:8 é meramente a cunha usada para fazer a cabeça do camelo entrar na tenda. A palavra hebraica olam estava disponível para comunicar a idéia de um longo período de tempo, se Moisés realmente tivesse a intenção de transmitir tal idéia. E a palavra hebraica yom (יום) estava disponível se ele tivesse desejado transmitir a idéia de um dia de 24 horas.

3. As exigências do uso primário da palavra.

Cada língua possui certas palavras que são usadas em diferentes contextos, com diferentes significados. Por exemplo, o Webster's Dictionary define o substantivo ship (navio) como segue: Ship (n) 1) um barco grande que navega pelo mar; 2) avião; 3) os oficiais e a tripulação de um navio. Se você fosse capaz de ver a forma substantiva de ship, isolada e sem contexto, quais das três definições lhe chegaria primeiro à mente? Obviamente a definição colocada como 1, ou a definição primária da palavra. Se o contexto absolutamente o exigisse, o 3 poderia ser usado, mas isso certamente seria um uso incomum da palavra.

Da mesma forma acontece nas Iínguas bíblicas. Os dicionários (Grego e Hebraico) anotam as palavras e daí as definições em ordem decrescente de uso. Não se traduz o Grego e o Hebraico lançando a sorte, nem girando a roleta. Em qualquer tradução é sempre dada a prioridade ao uso primário de qualquer termo, e usos secundários são empregados somente quando o uso primário não faz sentido no contexto no qual o termo é colocado.

A palavra hebraica yom é usada mais de 2.000 vezes no Velho Testamento. Um estudo apressado revela que em mais de 1.900 casos (95%) a palavra é claramente usada para descrever um dia de 24 horas, ou a parte iluminada de um dia normal. Os outros 5% se referem a expressões tais como "o dia do Senhor" (Joel 2:1) as quais de maneira alguma necessitam ser exceções, sendo que a segunda vinda de Cristo ocorrerá em um dia particular (1 Coríntios 15:51,52), mesmo que o seu reinado se estenda sobre um período de tempo mais longo. (Não há praticamente nenhuma dessas exceções que efetivamente exigem o significado de um outro período de tempo senão o dia solar). Por isso, mesmo sem um contexto, um tradutor imparcial normalmente entenderia a idéia de um "período de 24 horas" para a palavra yom.

4. As exigências de contexto.

Geralmente as palavras não estão isoladas umas das outras. Quando elas aparecem na escrita, elas são sempre rodeadas por outras palavras para modificá-las e ou clarificá-las Usemos a palavra ship empregada como ilustração no último ponto. É necessário somente acrescentar duas palavras, para não somente diferenciar entre as formas de substantivo e verbo, mas também para clarificar qual dos usos é intencionado dentro daquela forma. Por exemplo: - O ship voou". O artigo definido identifica a forma como um substantivo; o verbo identifica o uso secundário da palavra com um avião ao invés de um barco.

Nós não precisamos bater no assunto multiplicando exemplos aqui. Se nós escrevemos: "Eu revolvi a terra do quintal no meu dia de folga", fica claro pelas palavras circunvizinhas que esta atividade é confinada para um dia específico. Este é o caso em Gênesis 1, todas as palavras circunvizinhas transmitem ao leitor imparcial, a idéia de que cada atividade é confinada para um dos dias específicos de 24 horas desta semana da criação.

5. O qualificador numérico exige um dia de 24 horas.

A palavra "dia" aparece mais de 200 vezes no Velho Testamento com números ordinais (isto é, primeiro dia, segundo dia, etc.). Em cada caso singular, sem exceção, ela se refere a um dia de 24 horas. Cada um dos seis dias da semana da criação é qualificado assim, e por isso a consistência do uso no Velho Testamento também exige um dia de 24 horas.


6. Os termos "Noite e Dia" necessitam de um dia de 24 horas.

As palavras noite (52 vezes) e manhã (220 vezes) sempre se referem a dias normais onde elas são usadas em outros lugares no Velho Testamento. O dia judeu iniciava com o anoitecer (pôr do sol) e terminava com o início do anoitecer do dia seguinte. Deste modo é apropriado que a seqüência seja noite - manhã (de um dia normal) ao invés de manhã - noite (início e fim). O hebraico literal é ainda mais marcante: "Houve tarde e houve manhã, dia um... Houve tarde e houve manhã, dia dois," etc.

7. As palavras "dia" e "noite" são parte de um dia normal de 24 horas.

Em Gênesis 1:5,14-18, as palavras dia e noite são usadas nove vezes de tal maneira que elas podem referir-se apenas aos períodos claros e escuros de um dia normal de 24 horas.
 
8. Gênesis 1:14 distingue entre dias, anos e estações.

E disse também Deus: "Haja luzeiros no firmamento dos céus, para fazerem separações entre o dia e a noite; sejam eles sinais, para dias e anos". Claramente a palavra dia aqui representa dias, anos representa anos, estações representa estações.

É uma desculpa, para desviar a atenção da verdade, alegar que, se o sol não apareceu até o quarto dia, não podia haver dias e noites nos primeiros três dias. A Bíblia claramente diz que havia uma fonte de luz (aparentemente temporária em sua natureza, Gênesis 1:3), que houve períodos alternados de luz e trevas (1:4-5), e que houve noite e manhã durante aqueles primeiros três dias (1:5, 8, 13)

9. A Simbiose requer um dia de 24 horas.

A simbiose é um termo biológico descrevendo uma afinidade mutuamente benéfica entre dois tipos de criaturas. De particular interesse para nós são as espécies de plantas que não podem se reproduzir à parte dos hábitos, de certos insetos ou pássaros. Por exemplo, a planta iúca é dependente da mariposa íúca, e a maioria das flores precisa de abelhas ou de outros insetos para a polinização e reprodução. A árvore calvária, na ilha Maurícia, era totalmente dependente do pássaro dodó para ingerir a sua semente, escarificar a dura camada da mesma, e excretar as sementes antes que a germinação pudesse se realizar. Desde que o pássaro dodó se tornou extinto em 1.681, não tem havido nenhuma reprodução dessa árvore. De fato, as árvores mais novas têm 300 anos de idade! Muitos exemplos adicionais poderiam ser citados.
 
De acordo com Gênesis 1, as plantas foram criadas no terceiro dia (versos 9-13), os pássaros no quinto (versos 20-23), e os insetos no sexto dia (versos 24,25,31). As plantas poderiam ter sobrevivido por 48 ou 72 horas sem os pássaros e as abelhas, mas será que elas teriam sobrevivido 2-3 bilhões de anos sem ajuda mútua como afirma a Teoria Dia-Era? Muitos pássaros comem somente insetos. Será que eles poderiam ter sobrevivido um bilhão de anos enquanto estavam esperando pelo desenvolvimento dos insetos? Dificilmente. (Note que a origem da Bíblia não é a ordem exigida pela evolução).

10. A sobrevivência de plantas e animais necessita de um dia de 24 horas.

Se cada dia fosse verdadeiramente um bilhão de anos, como os evolucionistas teístas afirmam, então metade do dia (500 milhões de anos) teria sido trevas. Lemos explicitamente no verso 5 que a luz foi chamada dia e as trevas noite, e que cada dia tinha um período de luz - trevas. Como então as plantas, os insetos e os animais, teriam sobrevivido através de cada intervalo de 500 milhões de anos de trevas? Nota-se claramente a necessidade de um dia de 24 horas.

11. O testemunho do quarto mandamento.

É uma coisa maravilhosa observar a harmonia das Escrituras e a regularidade com a qual Deus executa os seus planos. Já tentou saber por que houve seis dias de criação, ao invés de um outro número? À luz da criação aparentemente instantânea dos novos céus e da nova terra de Apocalipse 21, e da natureza instantânea dos milagres do Novo Testamento, por que é que Deus leva um tempo tão longo como seis dias para criar todas as coisas? E por que Deus descansou no sétimo dia? Será que cansou-se após todo esse esforço? Não, Salmo 33:6-9 afirma que "Os céus por sua palavra se fizeram... Pois Ele falou, tudo se fez; Ele ordenou, e tudo passou a existir". Não há nenhum sinal de esforço aqui. Gênesis 2:2-3 simplesmente que dizer que Ele parou de trabalhar porque a ordem criada estava completada, não porque Ele estava cansado.

O comentário sobre essas questões se encontram em Êxodo 20 -8-11, e onde consta o seguinte:

  • verso 8 lembra-te do dia de sábado, para o santificar.
  • verso 9 seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra.
  • verso 10 Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus; não* farás nenhum trabalho...
  • verso 11 - porque em seis dias fez o Senhor o céu e a terra, o mar e tudo o que neles há, e no sétimo dia descansou

Versos 8-10 falam do homem trabalhando seis dias e descansando do seu trabalho no sétimo.

Estes obviamente não são períodos de tempo incalculavelmente longos, mas dias normais de 24 horas. Uma palavra-chave no verso 11, é porque, pois ela introduz a base lógica ou o fundamento para o mandamento anterior. Ela continua em igualar o período de tempo da semana (seis dias + um dia) e afirma que Deus mesmo havia colocado o exemplo em Gênesis 1. Esta é verdadeiramente a razão porque a semana da criação era de 7 dias - não mais, nem menos. A passagem se torna um absurdo se lêssemos: "Trabalhe por seis dias e descanse no sétimo, porque Deus trabalhou por seis bilhões de anos e está agora descansando durante o período do sétimo bilhão de anos". Se Deus está descansando, quem partiu as águas do mar vermelho, em Êxodo 14? E o que Jesus queria dizer em João 5:17 quando Ele disse, Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também"?

Às vezes os evolucionistas teístas alegam que nós não sabemos a duração dos dias na época remota em Gênesis 1. Em primeiro lugar, Gênesis 1 não foi em época remota, mas foi somente alguns mil anos antes da escrita do livro de Êxodo. Desde que a Terra está constantemente diminuindo a velocidade de sua rotação, a terra primordial teria girado com maior velocidade, e portanto os dias teriam sido mais curtos, não mais longos.
 
Contudo, os defensores do dia-era têm passado por cima de algo ainda mais óbvio aqui: Gênesis 1 e Êxodo 20 foram escritos pelo mesmo autor - Moisés - mais ou menos na mesma época (1.500 A.C.). Por isso, a comum autoria de ambas as passagens é uma evidência que ele tinha em mente o mesmo período de tempo quando ele usou a palavra dia. Além disso, podemos notar que o quarto mandamento foi na realidade escrito pelo próprio dedo de Deus em tábuas de pedra (Êxodo 31:18; 32:16-19; 34:1, 28, 29; Deuteronômio 10:4). Se qualquer pessoa deveria saber a duração dos dias, essa deveria ser o próprio Criador!

12. O testemunho dos Rabinos. 

A literatura talmúdica contém comentários de, virtualmente, cada passagem do Velho Testamento. A liberdade que eles tomam em interpretar algumas passagens espantam a imaginação, não obstante, uma coisa é certa: eles são unânimes em aceitar um dia normal de 24 horas para Gênesis 1. Se houvesse o menor indicador gramatical ou contextual dentro daquele capítulo que apontasse para um período mais longo, pode estar certo que eles o teriam descoberto e por fim desenvolvido. 0 fato de eles não o fazerem é um forte testemunho para "interpretar" os dias como períodos normais de 24 horas.

13. O testemunho dos pais da igreja.

Às vezes é afirmado que os pais da igreja criam em longas épocas para os dias de Gênesis 1. Isto é uma meia verdade. Os únicos dois que tinham este parecer eram Orígenes e Clemente de Alexandria, e eles eram alegorizadores que inventavam interpretações incomuns para cada parte das Escrituras.

O sistema deles de alegorizar conduziu às interpretações mais incríveis, as quais eram restringidas somente pelos limites de suas férteis imaginações. Outros comentaristas antigos de Gênesis 1 incluem a Epístola de Barnabé, Ireneu e Justino Mártir. As observações desses homens têm sido freqüentemente mal entendidas e interpretadas como se eles acreditassem na Teoria Dia-Era. Isto não é verdade. O que eles estavam fazendo era desenvolver uma estrutura escatológica que incluía um reino literal de Cristo de 1.000 anos sobre a terra (o milênio). A lógica deles seguia estas linhas:

a) Deus trabalhou por seis dias e descansou no sétimo.
b) Para com o Senhor, um dia é como mil anos (II Pedro 3:8).
c) Os seis dias da criação e um dia de descanso conseqüente tipificam os seis mil anos da história humana, que será concluída pelo milênio de mil anos, seguido pela eternidade. A criação aconteceu 4.000 A.C., portanto, o milênio deveria começar 2.000 A.D., terminar 3.000 A.D., e introduzir o período infinito da eternidade.

Independentemente de concordarmos ou não com o raciocínio deles e a resultante estrutura profética, concluímos que esses pais da antiga igreja não negavam a criação literal de seis dias, mas estavam declarando a sua fé nela.

A opinião dos reformadores (Lutero, Calvino, etc.) é a de uma criação de seis dias, de 24 horas cada um deles. 

O comentário de Thomas Scott de 1.780, geralmente menciona interpretações variadas onde elas existem, mas não diz nada sobre qualquer possibilidade dos dias serem diferentes do que períodos de 24 horas.
 
É somente desde a metade do século dezenove que os comentaristas começaram a falar sobre longos períodos de tempo dentro do próprio Gênesis 1. Isto é realmente surpreendente! O Pentateuco foi escrito por Moisés em 1.500 A.C. A Teoria Dia/Era não é mencionada por nenhum estudioso bíblico sério até 1.800 A.D. Por 3.300 anos este suposto segredo ficou escondido, aguardando a manha dos estudiosos do século dezenove para desvendar os seus mistérios e revelá-los a um mundo em expectativa! Há algo de errado aqui. Ou Deus não sabe como se expressar claramente, ou os estudiosos bíblicos foram cegos por três mil anos, por falharem em ver essa verdade óbvia, ou ... a Teoria Dia-Era nada mais é do que uma moderna invenção.

Será que há algum evento em meados de 1.800 que encaixaria com isto? Efetivamente há. Foi nesta época que Origin of Species de Darwin, Principles of Geology de Lyell, e outros tratados evolucionários estavam inundando o mercado, resultando em uma aceitação popular muito difundida dos principais dogmas da evolução. Em vez de manter o seu terreno e insistir na autenticidade da descrição de Deus sobre as origens, muitos teólogos fizeram da teoria evolucionária o critério da verdade e praticamente caíram um por cima do outro em sua luta selvagem para comprometer a descrição bíblica das origens com as especulações dos ateístas e agnósticos do século dezenove. Onde se chega a uma disputa entre a Bíblia e as teorias dos homens, parece que sempre há aqueles que irão pender para o mal para assegurar que a Bíblia leva a pior.

14. O problema Teológico do pecado e da morte.

De acordo com os evolucionistas teístas, a vida das plantas e dos animais floresceu e morreu pelo menos 500 milhões de anos antes que o homem evoluiu. A morte deles tem sido registrada visto que os fósseis permanecem enterrados nas camadas sedimentares da assim chamada coluna geológica.

Romanos 5:12, contudo, não concorda: "Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens porque todos pecaram".

A passagem então prossegue identificando Adão como o homem mencionado no verso 12. Não há nada de ambíguo sobre a passagem, ela significa exatamente o que diz: Adão foi o primeiro homem, e não houve morte antes do incidente do Jardim do Éden registrado em Gênesis 3. Ou a evolução teísta e a sua Teoria Dia/Era estão errados, ou Romanos 5:12 está errado. Aqui não há como harmonizar ou permanecer indeciso; temos que fazer uma escolha entre a evolução teísta e as declarações simples da Bíblia.

Ainda há uma outra lição a ser aprendida dessa tendência entre os neo-evangélicos atuais, de fazer uma falsa dicotomia entre as afirmações de fé e prática da Bíblia e as afirmações pertencentes à ciência e história. As primeiras, eles dizem, são acuradas; as últimas são crivadas com erros de fatos. Este ponto de vista também é conhecido como inspiração parcial ou inerrância limitada.

Romanos 5:12 mostra que o acima mencionado é insustentável porque a passagem baseia uma doutrina teológica (o pecado do homem) sobre um evento histórico (a queda de Adão). Da mesma forma, I Coríntios 15:45 baseia a doutrina da ressurreição sobre a historicidade de Adão como o primeiro homem. Muitos outros exemplos poderiam ser citados, mas a lição é clara: a teologia ("fé e prática") da vida cristã é inseparavelmente ligada e entrelaçada com a historicidade e veracidade científica das porções narrativas das Escrituras. Negar a um é negar a outro.

15. A exeqüibilidade dos eventos do sexto dia.

Um dos problemas parece ser: como Adão poderia ter nomeado todos os animais em um dia? Há dois fatores para considerar aqui.

Primeiro, somente um número limitado de animais são necessários, o propósito de desfilar esse séquito de animais diante de Adão parece ter sido para demonstrar a ele que o homem pertencia a uma ordem de criação completamente diferente da do reino animal e que nenhum deles jamais poderia servir como um companheiro físico e psicológico para ele. Isto obviamente elimina a maioria dos organismos da terra: insetos, camundongos, lagartos e peixes que nem mesmo se qualificam. Sendo que Deus selecionou os animais neste caso, Ele provavelmente limitou o número de candidatos àqueles que seriam mesmo concebivelmente apropriados. O próprio texto os limita a " todos os animais domésticos, às aves dos céus, e a todos os animais selváticos" (Gênesis 2:20).
 
Segundo, Adão deve ter tido uma inteligência extremamente alta. Pelo motivo de Adão ter sido capaz de usar 100% de seu cérebro perfeito, ele provavelmente teve um QI de 1.500 ou melhor. Além disso, Adão não precisou estudar o seu vocabulário; Deus o programou para dentro do seu cérebro no momento da sua criação, e ele foi criado como uma pessoa plenamente funcional. É por isso que Adão nomeou com a maior facilidade os animais que foram trazidos diante dele.
 
O segundo problema é devido a uma má interpretação do texto bíblico, onde diz em Gênesis 2:18 que "Não é bom que o homem esteja só". Estar só não é a mesma coisa que estar solitário. A última requer algum tempo, a primeira não.

A não ser que alguém esteja predisposto, por causa de presunções externas (evolução), a achar defeitos com a passagem, não há nada inerentemente irracional sobre os eventos terem ocorrido em um dia normal de 24 horas, como indicado.

CONCLUSÃO

Muito poderia ser dito sobre os erros do modelo da evolução e da superioridade científica do modelo da criação, mas isto vai além da finalidade desta dissertação. A ênfase aqui tem sido dada naquele que professa ser cristão que está tentando ajuntar desigualmente dois enredos (criação e evolução) e que está usando uma metodologia contrária às Escrituras (Teoria Dia-Era) para conseguir esse matrimônio profano.

Eclesiastes 4:12 fala sobre um cordão de três dobras que não se arrebenta facilmente. A Teoria Dia-Era, de acordo com a evidência acima, não é permitida pela Escritura, e por conseguinte é falsa. Elias disse, "Até quando coxeareis entre dois pensamentos..."  (I Reis 18:21). Cada um de nós precisa decidir onde ele se encontra nesta questão vital.