Deus se arrepende?

Deus nunca se arrepende: Nm 23:19, I Sm 15:29, Ez 24:14, Ml 3:6

Deus se arrepende: Gn 6:6, Ex 32:14, Dt 32:36, I Sm 15:11, 15:35, II Sm 24:16, I Cr 21:15, Is 38:1-5, Jr 15:6, 18:8, 26:3, 26:13, 26:19, 42:10, Am 7:3, 7:6, Jn 3:10"

Descontradizendo

Segundo o Novo Dicionário da Bíblia da editora Vida Nova

“Os vocábulos “arrepender-se” e “arrependimento” são raramente usados no Antigo Testamento com referência aos homens. Como traduções da raiz hebraica nãham (םחניו), essas palavras são mais freqüentemente aplicadas a Deus”.

No hebraico, quando a palavra arrependimento está relacionada ao homem é shübh (בשיו) e a Deus é nãham (םחניו).

Shübh = Está sempre aplicada ao pecado, ao erro, ao remorso. Ou seja, o homem reconhece o seu erro e se arrepende do que fez.

Nãham = Está ligada a relação de Deus para com o homem. Por exemplo: Deus diz que vai destruir o homem se ele não se arrepender. Porém, o homem se arrepende. Então a Bíblia diz que Deus se arrependeu do que disse. Ou seja, Deus não destruiu o homem porque este se arrependeu. O arrependimento aqui não está dizendo no sentido como se Deus reconhecesse o seu erro e se arrepende. E sim, que Deus não mais destruiria o homem. Ou seja, a sua atitude de destruir o homem foi anulada pelo arrependimento deste.

Quando os textos acima dizem que Deus não se arrepende está dizendo que a sua atitude para com o pecado não mudará sem o arrependimento do ser humano. E quando Ele “se arrepende” está dizendo que a sua atitude é de não mais fazer o que faria sem o arrependimento do homem.

Um exemplo

Estas linguagens humanas que freqüentemente encontramos na Bíblia para expressar o que Deus disse fazem parte do limitar-se de Deus para que haja uma comunicação Divina-Humana entendível.

Deus não se comunica ou se relaciona conosco baseando-se na sua onisciência. Um exemplo:

Digamos que eu saiba de tudo, que eu seja uma pessoa onisciente. Como vocês acham que eu deveria me relacionar com meu filho se ele não é onisciente?

Um dia eu chego para ele e digo: " - Filho! Eu sou um homem que nunca me arrependo do que digo! E se você fizer tal coisa um dia, você será punido".

E digamos que o menino vai e faça justamente o que eu disse para não fazê-lo.

Porém, ele se arrepende e chega até mim e diz: "- Pai! Lembra que o Senhor disse que não era para eu fazer aquilo?".

"- Lembro!" - lhe respondo.

"- Pois é, eu fiz papai. Porém, estou muito arrependido".

Então eu lhe respondo: "Ok filho, se você se arrependeu, eu não punirei você!"

Porém, os ateus desejam que meu filho reaja assim: "Não pai! O senhor tem que me punir porque você não pode se arrepender (mudar a ação) do que disse".

Eu lhe responderia: "- Filho o que eu quiz dizer, é que não me arrependo (mudo minha ação) se você não se arrepender. Porque caso você não tivesse se arrependido, eu certamente o puniria pelo teu erro".

Observação: Sem o uso de linguagem humana, tudo isto que disse acima perderia o sentido.

Por exemplo: Digamos que eu chegasse e falasse assim com ele: "- Eu jamais me arrependo. Vou destruir aquele povo".

Porém, o povo se arrepende. E ainda assim digo: "- Não importa, quando eu disse o que disse, eu já sabia que eles iam se arrepender e isso não importa. O que importa é que eu disse que os destruiria e eu nunca me arrependo do que digo".