Matar ou não matar?

Mate. Ex 32:27, Nm 15:35, I Sm 15:2-3

Não mate. Ex 20:13, Dt 5:17.

Textos

Mate
Ex 32:27 - E disse-lhes: Assim diz o SENHOR, o Deus de Israel: Cada um ponha a sua espada sobre a sua coxa; e passai e tornai pelo arraial de porta em porta, e mate cada um a seu irmão, e cada um a seu amigo, e cada um a seu próximo.

Nm 15:35 - Disse, pois, o SENHOR a Moisés: Certamente morrerá o tal homem; toda a congregação com pedras o apedrejará fora do arraial.

I Sm 15:2-3 - Assim diz o SENHOR dos Exércitos: Eu me recordei do que fez Amaleque a Israel; como se lhe opôs no caminho, quando subia do Egito. Vai, pois, agora, e fere a Amaleque, e destrói totalmente tudo o que tiver, e não lhe perdoes; porém matarás desde o homem até à mulher, desde os meninos até aos de peito, desde os bois até às ovelhas e desde os camelos até aos jumentos.

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Não Mate:
Ex 20:13; Dt 5:17 - Não matarás

Descontradizendo

No AT, há sete termos hebraicos traduzidos por “matar” em português:

rasah / ratsach (תרצח) = usada no sexto mandamento = assassinato violento de um inimigo pessoal. Não assassinarás seria uma tradução viável. Este verbo nunca é usado para indicar um assassinato em defesa própria (Ex 22:2), uma morte acidental (Dt 19:5), a execução de assassinos (Gn 9:6) ou situações de guerra. O verbo rasah é usado para suicídio, mas não é aplicável ao homicídio não-premeditado (Ex 21:12-14) ou acidental (Nm 35:23).

Q´tal  / qatal (תקטל) = é o de uso menos corrente (Sl 139:19; Jô 13:15; 24:14).

Hemit / Chamac (חמסו)= derivado de Hamas, indica violência deliberada, homicídio (Jr 22:3; Ez 22:26; Sf 3:4; Pv 8:36).

Harag (הרג) é empregado 162 vezes e significa “matar uma pessoa” (Nm 31:19; Jr 4:31).

Tabah = matança de animais.

Zabah = sacrifício de animais.

Shahat = indica qualquer morte sacrificial.

Como o verbo Rasah é o verbo usado no sexto mandamento, isto indica que o que Deus proíbe é o assassinato sem motivo.

O próprio Senhor Jesus disse isto em Mt 5:17, 21-22: ”Não penseis que vim revogar a lei ou os profetas: não vim para revogar, vim para cumprir... Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás (Rasah = assassinarás); e: Quem matar (assassinar) estará sujeito a julgamento (morte sg. Ex 20:13, Dt 5:17). Eu porém, vos digo que todo aquele que (sem motivo) se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento”.

Rasah foi o tipo de crime da qual a Lei está enfatizando. Uma melhor interpretação da Lei seria: “Não matarás sem motivo!”.

Não devemos nos esquecer que, o Deus que disse não assassinarás sem motivo, foi o Deus que disse: “- Mate!”, a Moisés, Saul, Josué, e outros.

Estaria Ele se contradizendo? Não! Porque nestes casos, havia um motivo para a ordenança. Deus não mandou que fizessem algo o qual não havia um sério motivo para fazê-lo

As razões para serem aplicados a lei da pena de morte eram:

• Assassinato premeditado (Ex 21:12-14);
• Seqüestro (Ex 21:16; Dt 24:7);
• Adultério (Lv 20:10-21, Dt 22:22);
• Homossexualismo (Lv 20:13);
• Incesto (Lv 20:11-14);
• Bestialidade (Ex 22:19; Lv 20:15-16);
• Ferir ou amaldiçoar os pais (Ex 21:15; Lv 20:9; Pv 20:20; Mt 15:4; Mc 7:10);
• Falsas profecias (Dt 13:1-10);
• Etc...

Conclusão

Não há contradições nos textos uma vez que a palavra usada no sexto mandamento é Rasah (Assassinar sem motivo).

Os contextos em que ocorreram as supostas “contradições” foram mortes que resultaram de motivos que não foram relevantes no contexto da época. As mortes tinham uma razão maior para acontecerem. E Deus não sua infinita sabedoria e Rei do seu povo, sabia exatamente o que estava fazendo.

Fonte

"A Ética dos Dez Mandamentos", de Hans Ulrich Reifler, ed. Vida Nova.