É errado roubar?

Roube. Ex 3:22, 12:35-36, Ez 39:10

Não roube. Ex 20:15, Lv 19:11, 19:13, Dt 5:19, Sl 37:21, Ef 4:28, I Ts 4:6

Textos

Que dizem roube:

Ex 3:22 - porque cada mulher pedirá à sua vizinha e à sua hóspeda vasos de prata, e vasos de ouro, e vestes, os quais poreis sobre vossos filhos e sobre vossas filhas; e despojareis ao Egito.

Ex 12:35-36 - Fizeram, pois, os filhos de Israel conforme a palavra de Moisés e pediram aos egípcios vasos de prata, e vasos de ouro, e vestes. E o SENHOR deu graça ao povo em os olhos dos egípcios, e estes emprestavam-lhes, e eles despojavam os egípcios.

Ez 39:10 - E não trarão lenha do campo, nem a cortarão dos bosques, mas com as armas acenderão fogo; e roubarão aos que os roubaram e despojarão aos que despojaram, diz o Senhor JEOVÁ

Descontradizendo

Pronto! Agora a Bíblia do Cético virou a voz da justiça. Que “absurdo”, Deus mandar seu povo “roubar” os egípcios. Será? Será que foi isto que realmente aconteceu? Então vejamos:

Ex 3:22: “porque cada mulher pedirá à sua vizinha e à sua hóspeda vasos de prata, e vasos de ouro, e vestes, os quais poreis sobre vossos filhos e sobre vossas filhas; e despojareis ao Egito”.

1.Primeiro leiamos o versículo anterior: “E farei que os egípcios tenham boa vontade para com o povo, de modo que, quando saírem, não sairão de mãos vazias”.

O versículo diz claramente que os egípcios dariam de boa vontade.

2.Para entender melhor o texto, é necessário dividi-lo em duas partes:

a) “Todas as israelitas pedirão às suas vizinhas, e às mulheres que estiverem hospedando em casa, objetos de prata e de ouro, e roupas, que vocês porão em seus filhos e em suas filhas”.

Onde diz aqui, que elas pediram algo emprestado para devolver mais tarde? Roubo está relacionado a tomar algo sem consentimento. Quando alguém invade minha casa e leva algo sem meu consentimento, isto é roubo. Ou quando alguém me pede emprestado algo com a intenção de nunca mais devolvê-lo, isto é roubo. Porém, se alguém me pedir algo para que lhe dê, e eu dou a esta pessoa de livre e espontânea vontade, depois terei o direito de ir a polícia e dizer que fui roubado? As mulheres hebréias não roubaram ninguém. Elas pediram os objetos e como diz o vs.21, as egípcias deram de boa vontade.

b) “Assim vocês despojarão os egípcios”.

A palavra despojo aqui em hebraico é ונצלתם , oriundo de natsal, cuja raiz significa “despir, despojar, livrar alguém do (perigo)”. Este não é termo que se utiliza comumente referindo-se a despojar o inimigo depois de ter sido morto no campo de batalha; nesse caso, usar-se ia o verbo salal. Mas está bem claro que temos aqui nissel em sentido figurado, visto que a narrativa declara que os israelitas fizeram um pedido verbal e não um saque.

A pergunta que fica é por que as mulheres egípcias deram de boa vontade os objetos preciosos? Basta ler Ex 12:33: ”Os egípcios pressionavam o povo para que se apressasse em sair do país, dizendo: “Todos nós morreremos!”.

E continua nos vs.35 e 36: ”Os israelitas obedeceram à ordem de Moisés e pediram aos egípcios objetos de prata e de ouro, bem como roupas. O Senhor concedeu ao povo, bem como roupas. O Senhor concedeu ao povo uma disposição favorável da parte dos egípcios, de modo que lhes davam o que pediam; assim eles despojaram os egípcios”.

Os egípcios estavam apavorados com o Deus de Moisés e deram de “boa vontade” (na verdade por temor) tudo o que o povo pediu a eles. Pois não viam a hora de se ver livres do Deus de Moisés.

Porém, onde fica a questão moral aqui nestes textos?

Durante muitas gerações, alguns séculos, a população israelita no Egito havia sido sujeita à escravidão opressiva, verdadeiramente brutal. Israel sofrera infanticídio (crianças foram jogadas para os crocodilos no Rio Nilo) e genocídio, tinham sido obrigados a trabalhar sem ordenado, na construção das cidades do tesouro do Faraó e demais edifícios públicos.

Quem foi que roubou verdadeiramente nesta história afinal? Israel não roubou o Egito. Israel pediu algo. Pedir não é roubar. Os egípcios não pediram nada para eles. Eles oprimiram Israel e roubou sua vida, matando seus filhos durante quatro séculos. Israel tinha o direito de receber todos os objetos que receberam dos egípcios. Era um direito deles. Porém, mesmo assim, eles pediram e não roubaram.

Ex 12:35-36 – Os israelitas obedeceram à ordem de Moisés e pediram aos egípcios objetos de prata e de ouro, bem como roupas. O SENHOR concedeu ao povo uma disposição favorável da parte dos egípcios, de modo que lhes davam o que pediam; assim eles despojaram os egípcios.

Na NVI não aparece a palavra emprestado: ”...de modo que lhe davam o que pediam;...”.

Ez 39:10 - Não precisarão ajuntar lenha nos campos nem cortá-la nas florestas, porque eles usarão as armas como combustível. E eles despojarão aqueles que os despojaram e saquearão aqueles que os saquearam. Palavra do Soberano, o SENHOR.

A NVI diz: ...despojarão aqueles que os despojaram”. Quem havia sido despojado antes? R: Israel! Continuando... ”...e saquearão aqueles que os saquearam”. Quem havia sido saqueado antes? R: Israel!

Se alguém vem a minha casa e rouba algo que me pertence, e depois vou e o tomo de volta. Isto é roubo?

Nesta situação específica, é claro que se trataria de uma guerra em que primeiro de tudo Israel havia sido roubado primeiramente e depois simplesmente foi e pegou de volta o que lhe havia sido roubado.

Fonte:

Enciclopédia de temas bíblicos, de Gleason Archer, ed. Vida.

Significado de roubo

Temos que analisar o significado da palavra roubo.

Roubo: tirar algo de uma pessoa utilizando-se de VIOLENCIA;

Furto: tirar algo de uma pessoa sem o seu consentimento, apropriando-se INDEBITAVELMENTE do objeto.

Ou seja, roubo é tomar algo de alguém pra si utilizando a violencia, como por exemplo um assaltante armado. Vemos claramente que isso não ocorre no êxodo.

Já o furto é a apropriação indébita sem violência. Por exemplo: estou dormindo, de madrugada entra em ladrão em minha casa, mas eu não o vejo e ele não faz nada, apenas leva algumas coisas. Ele não usou de violência, ou seja, ele praticou um furto.

Vemos que isso também não ocorre no êxodo, ou seja, não existe contradição.